quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Eu AMO política

Começo o desabafo com as palavras de alguém que já vomitou antes:

"O pior analfabeto É o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo
que odeia a política.
Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista,pilantra, corrupto e o lacaio das empresas nacionais e multinacionais."

(Berthold Brecht)

Isso para falar do desânimo das pessoas em relação à política. Sabe, não peço a ninguém que seja partidário ou candidato, mas é incrível como o nosso desânimo tem sido ocupado por um grupo safado que cabe direitinho na vaga daqueles que não gostam de política.
Semana dessas teve encontro na igreja sobre política. Três caras maravilhosos (de partido nenhum) traçaram um perfil histórico da política no Brasil e deram detalhes para além do "como votar no dia das eleições". Explicaram de novo a competência de cada cargo, as mentiras que os candidatos prometem e qual é o papel do Estado nesse processo todo.

Neste mesmo momento deveríamos estar tendo aula de Introdução aos Evangelhos, mas o professor achou que valia interromper as aulas. No fundo, ele percebeu que uma atividade não anulava a outra. Se foi Marcos o cara que fez questão de apresentar em seu evangelho um Jesus de paixão e luta. Se ele, propositalmente, desistiu de apresentar outro para ser ícone de um povo sofrido, só quis falar do Galileu que superou a morte com bravura e acreditou na ressurreição.

Bem, o fato é que os alunos aceitaram a proposta do professor e...
Foram embora!
Ah, porque a janta, a festa, a novela, o filho...tudo tem vez antes da política.

E em outras duas semanas fomos nós falar desses assuntos que não se deve dizer os nomes e...
Quase ninguém ficou de novo.

Ontem, estávamos em uma roda de conversas com alguns políticos e...
Quase ninguém foi.

Sabe, o povo está cansado. Eu não faço parte dos que critica o povo (assim como se também não fossem parte) sem tentar entendê-lo. O povo está mesmo doente, sem dinheiro, cansado de ser castigado. O povo está fatigado. Nós que somos povos estamos mesmo desanimados com tanta corrupção e tanto aspecto que não dá certo. É transporte, saúde, educação, segurança pública; tudo, sempre, muito ruim.
Eu sei e sinto tudo isso. O problema surge quando vemos que há mais de 900 candidatos para Deputado Federal e mais de 1.800 para Estadual, só no Rio. São os Tiriricas, Romários (que confunde seu partido), Euricos (o Ficha Limpa).
Cara, não dá pra fingir que política não é assunto seu. Essa decisão de não fazer parte é a que inclui a de decidir por deixar passar esse bando safado que quer fazer desse espaço um emprego vitalício e de verbas fartas.

Não precisa ser militante, participar de passeata, nem ir em rodas de conversa. Só que, por favor, não diz pra mim que isso não é problema seu. Você escolherá seis pessoas para, pelos próximos quatro anos (ou 8, no caso dos senadores), lidarem com seu dinheiro, com as leis do seu Estado, para colocarem em prática seus interesses. Não diz pra mim que não é problema seu.

Ontem morreu o menino, Matheus, acho. 13 anos, pego por uma bala perdida de fuzil quando jogava um lixo fora. Alí, bem em frente ao Hospital Infantil, bem no meu nariz. Incoerência essa ser violentado no hospital.
Pela manhã, hoje, eu passei no trajeto do menino que eu fazia para chegar ao trabalho. Olhei, olhei, olhei. Pensei, meu Deus, podia ser eu. Quem de nós tem receio e vai assustado ao lixo, se protegendo de uma bala perdida? Esse "podia ser eu" não diminui a minha dor e não me dá nada de alívio. No fundo eu penso, caramba, é tudo o MESMO barco. E tem gente dizendo que não quer saber desse assunto. Desculpa, mas você não será aliviado porque desistiu de participar do mundo.
Como eu ouvi em um desses assuntos de (arg!) política, a cidadania é inegociável. É aí que mora a obrigatoriedade do voto!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

"É debaixo da saia que eu vou. É debaixo que eu vou ficar. Só pra te olhar"





Como tudo comunica, me peguei distraída (não à toa) pensando sobre como a comunicação rola solta debaixo de nossas roupas.

O sutiã que abre na mama é para grávidas.
Se tem bojo, é porque falta leite e outras coisitas mais nesse conteúdo.
Com arame embaixo é o “levanta tudo”!!!
Vermelho é paixão; sem costura, dia a dia; velhinho, o meu preferido de dormir.

Só não escuta quem não quer. É impossível não ouvir a voz daquela calcinha com um bicho de pelúcia na frente e um buraco no meio. Sabe, com um cachorrinho e só dois fios com o meio aberto? (vai, eu sei que sua amiga já teve uma). Gente, aquela calcinha grita!

Imagina a cena. Maridão chega em casa, trinta anos de casados, você todo dia de calcinha bege. De repente, surge ela: imponente, decidida, vitoriosa, cheia de si. É impossível deixar passar uma dessas calcinhas do parágrafo acima. É como se ela, automaticamente, dissesse: meu filho, faz alguma coisa!

E essas roupas íntimas assumem identidades as mais diversas. Vão do total sexy ao melancólico. Quem não se lembra com carinho do primeiro sutiã? Era da Lola, personagem do Pernalonga. Naquela época não tinha peito nenhum e agora...Agora, nada mudou! Rs

Ah, do lado oposto da gaveta onde moram as calcinhas “tipo safadinha” ficam as calcinhas de não mostrar nem sob tortuta – aquelas tipo cinta ou as bem grandonas para os dias de menstruação. E tem também calcinha de vovó. Não, isso é paradoxo! Se é de vovó, só pode ser calçola.

Lingerie nova é presente que sempre agrada e que a gente sempre precisa.

E você deve estar pensando, nossa a Mariana viaja. Não! Tudo tem uma explicação.

Então você diz, aposto que ela está vendendo calcinhas. Sim, acertou! Calcinhas, cuequinhas, camisolinhas...

E se esse papo te fez olhar para o seu armário e reparar que você está cheia daquelas calcinhas sujas de esmalte com elástico frouxo, não se apavore! Fale comigo. Me diga quem você é, que eu aponto seu perfil de lingerie. Rs.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Os Impactos dos Meios de Transportes nas Olimpíadas de 2016


De galho em galho por esses diferentes processos seletivos que tenho feito sempre me pedem uma redação sobre Os Impactos das Olimpíadas de 2016 para o Rio de Janeiro. Eis que hoje, por volta de 7:30 da matina me ocorre uma ideia exatamente contrária àquela que as pessoas insistem em colocar como tema nessas provas. Gente, não são os meios de transportes que serão mudados. Não, não, não. São justamente alguns desses meios que vão causar impacto nas Olimpíadas, e positivos. Eles vão alterar visivelmente nosso quadro de medalhas. Vejamos o porquê:


Sinta as cenas:

Você está a caminho de um ponto de ônibus em Caxias e resolver olhar para trás. Quem é que vem? Ele, o famoso Juremão, que vai pra Central emitindo uns 500kg de CO2 na atmosfera. Medindo cerca de 12 metros ele está, é óbvio, bastante acima do peso, acho que umas oito pessoas/m². Você se desespera, o próximo ônibus é o do engarrafamento, corre como um louco com o braço esticado fazendo sinal para conseguir chegar no ponto a tempo.

E aí, que esporte temos?

Handebol!

Para ser mais exato, é um treino para aquela mesma corrida louca com o braço esticado e a bola na mão que os jogadores dão na tentativa de fazer um gol.

Beleza. O motorista, solidário, resolveu parar.
- Mas ó, amigo, aqui não é o ponto não, hein?!
- Tudo bem, piloto, o dia está só começando

Praticando um Taekwondo pra garantir a sua vaga - pagar a passagem aqui, amigo, te garante um lugar, mas não O lugar. Pode ser desde um assento à saída de emergência do teto do ônibus -, você vai entrando. Golpes bem planejados (Aptcha Oligui, Bandê Jirugui ) e ganha o seu espaço no deslize do adversário.

Pausa para explicar o seguinte: Esses esportes também podem ser tranquilamente praticados por quem anda de trem. Aliás, seja agarrado aos balaústres dos ônibus (isso, aqueles ferrinhos) ou nas chupetas dos trens, também é possível manter o treino. Mas no caso de se agarrar às chupetas dos trens a modalidade é diferente, estamos falando da Vela. E você não deve ficar triste se no caso do ônibus o motorista meter o pé igual um louco. Porque, no fundo, ele quer te transformar em um velejador de primeira, que não desgruda do ferro nem sob tortura. 2016 tá aí e você não tem a oportunidade de treinar com o Torben Grael; então, aproveite o trem!

Aí você começa a perceber que você não é mais você, assim com toda essa independência, mas é um órgão desse corpo todo chamado ônibus/trem. E quando você é um conjunto (aliás, é tão grudado que nem é mais “você é”, mas “você são”), fiel, não há mais choro nem vela. Não tem essa de pisou no meu pé, sarrou em mim, desarrumou meu cabelo. Quer conforto? Vai de Táxi! Aqui, é todo mundo unido, um corpo só, uma só atitude, um único objetivo: chegar ao querido trabalho. E quando olhamos essa massa toda em um mesmo movimento, é impossível não pensar que seja um belo preparo para oooooo. Ooooo....

Nado Sincronizado!

Porque se nesse calor gostoso que tem feito às sete da matina, a gente vai no mesmo “pra lá e pra cá” desse jeito, imagina o que a gente não faz na água fresca?

Tamo junto? Lugar garantido? Fique nessa posição a viagem inteira: Yoga! Tá eu sei que essa modalidade não tem nos Jogos Olímpicos, mas vale a concentração.

Finalmente é chegada a hora de descer. Não que o ponto esteja próximo, mas é preciso ser entecedente, pois até chegar à porta do ônibus você pratica Boxe, Esgrima, Luta e Pentatlo Moderno (que eu não sei o que é, mas certamente dá pra praticar). Respire fundo. Visualizou a porta? Trampolim Acrobático e, zap! Pulo para fora do ônibus.


E, aí, vai continuar mesmo nesse coro dos impactos pro Rio? Olha, quero queimar a língua, mas estou achando que se não mudar logo a coisa somos nós que iremos impactar bem mais. E que pena que as mudanças sejam apenas para os Jogos Olímpicos. Tá cheio de atleta nos nossos ônibus, trabalhadores fazendo milagre no dia a dia e cadê o patrocínio?

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sopa de palavras



Apesar de todo mundo insistir na rigidez do Português, eu já me conformei e hoje até assum: graças a Deus que a língua é coisa viva!

Nada como aquelas trocas engraçadíssimas que fazemos utilizando as palavras em contextos errados. O namorado é mestre nisso e me faz rir por meia hora. Acho que é de família. Hoje o pai dele disse que as vans não vão mais até a Central e, por isso, em certo ponto disponibilizam uma imigração (????). Acho que era integração a palavra. Ficamos imaginando as vans com placas tipo: recebemos japoneses, brasileiros. rs.

E se falarmos nas ênfases, como a gente fala com “força”. Meu pai sempre diz: “Eu acho que para mim na minha opinião”. É, ta querendo mesmo se certificar de que não tem ninguém falando por ele...

Outro exemplo está na dificuldade de começar as palavras que tem consoantes juntas no início. Dá uma preguiiiiiiça. Bom mesmo seria falar: Ededron, póprio, gampreador. É porque acho que tem ser num crescente então seria preguiçosamente correto deixar a sílaba mais “pomposa” no final.

Que bom que já era esse negócio de os óculos, as calças e as tesouras. Um corte bastante justo. Ainda que os óculos ainda seja o “correto”, ele já não mora faz tempo na minha, na sua, na NOSSA língua, que não é portuguesa, mas brasileira.

Que bom ainda que a gente anda longe dos dicionários nessa hora e vai de boca em boca se reinventando. Fala sério, não tem muito mais vigor quando a gente houve um FRamengo? Aquele Framengo bem mandado nos faz até ter vontade de mudar de time. “Não, eu não sou Flamengo, torço pelo Framengão”. Dá até arrepio...

Hoje foi lá em casa a moça. E ela disse assim: nossa, Paraty e Austrália são minhas cidades favoritas. E quem ia corrigir; eu, você? Mas pra quê? Deixa a mulher abusar da língua, reformular seus significados...

A gente precisa é se fazer entender, é comunicar. Então, na feira, a caneta é dois real, a gente vendemos traide (o chiclete), nescobol (o chocolate) e pastilha de alcalipto.

Tá, eu sei, na escola é tudo de outro jeito. Mas é divino que não se passe o tempo todo lá. Também admiro demais Machado de Assis, que amando tanto a Língua Portuguesa fez um malabarismo lindo com ela. Mas não sejamos chatos e engessados, esse português é tão denso que valem nele ainda as nossas interferências pessoais.

Já é?

P.S.: É impossível não escrever esse post sugerindo uma visita ao vídeo da Vanusa cantando o Hino Nacional. Como diriam minhas amigas: Déllllls!

http://www.youtube.com/watch?v=6w9MpztV4gk

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

O tudo no nada e o nada que é o tudo.


Virose é qualquer doença e doença alguma.

...


Isto é um post! rs
;)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Dinâmica de grupo: as aventuras de uma estudante desesperada



Segue assim:

Levanta a menina às cinco da manhã, depois de uma noite difícil e incômoda pelo apagão que afetou Deus e o mundo literalmente. Ainda num swing meio torto e com remela no olho entranochuveiro/saidochuveiro / tomacafé/ pentiaoscabelos/ passacreme/passaperfume/passamaquiagem/ passaroupa/vesteroupa: Linda!

É assim que começa a tarefa ingrata de ir para uma dinâmica de grupo.

Objetivo: Barra da Tijuca (ai, não tem mais perto não, moço? NÃO! Agora é tudo lá, filha.)
Ponto de partida: Caxias City

Acorda o pai e ganha uma carona até o ponto de ônibus. Entra em pé no ônibus e assim permanece durante toda a viagem...Caxias/LinhaVermelha/Av.Brasil/LinhAmarela/túnel/rua/ruaslargas/shoppings/condomínios/empresas

Sejam bem vindom à Barra da Tijuca, onde tudo é monumentaaaal

Menina: Moço você sabe onde fica Perinatal?
Voz vinda do fundo: Eu vou descer lá!
Menina: Eu tô procurando o condomínio Office Tower Center New York Newsletter
Voz: É lá que eu trabalho!
Menina: Eureka!!! (brincadeirinha...)

Menina conversa com a voz até lá. Depois disso até tomam café juntas. Ela e a voz ali contando coisas, falando do café, do tempo, de emprego. Era boa aquela voz.

Como Menina chegou cedo, fica um tempão lendo revistas. Sabe aquelas revistas velhas? Tinha um jornal de abril de 2009. Qual não foi minha surpresa quando percebi que ele estava cheio de novidades pra mim.

A Arena

Oi, Meu nome é Carlos Bonner Marinho, e desde bem pequeno eu já segurava um gravador e um microfone e adorava entrevistar meus familiares. Eu falo cinco linguas, luto três modalidades e sou tradutor de esperanto. Fui criado na França e vim pro Brasil aos 7 anos. Comecei fazendo Letras Português-Grego, abandonei tudo e fiz intercâmbio nos EUA. Lá eu lavei muito banheiro, apertei bota do pessoal que tava esquiando, resumindo, aprendi muito. Escolhi a faculdade de Comunicação porque depois de formado eu já pretendia trabalhar aqui nessa empresa. Tudo o que eu faço é voltado pra isso, é meu sonho mesmo.

Um Objeto que vc gostaria de ser:
Uma escada, para alcançar altos degraus e fazer parte daqui

Um animal:
A águia, que tem foco, é como eu na busca de um objetivo. O meu objetivo atual é estagiar aqui

Uma semente:
Qualquer uma modificada, pelo espírito inovador que carregam, muito parecido com o desta empresa

Depois das entrevistas, na presença dos olhos sufocadores das gestoras, algumas brincadeiras.

Grupos. Vocês são uma confecção de unifomes em 15 minutos.
Quanto comprou? quanto vendeu? quanto faturou? qual a visão da empresa?

Grupos. Vocês são um jornal em 15 minutos.
Como atuam? qual a tiragem? qual o público-alvo? qual o nome?

Fofoquinha entre gestores.

RH: - Ana, Rita, Joana, Iracema, vcs ficam para a entrevista com as gestoras, última etapa do processo. Parabéns! (tudo isso em uma sala trancada, sem a presença do grupo)

RH: - Mariana Freire, Paula, Alice, Priscilla, Érika, Vanessa, João, me aguardem por favor naquela sala?

Enquanto rola conversa com o terceiro grupo lá fora, as meninas se olham dentro da sala. As meninas eram todas olho. Olho apertadinho de, o que será que vem? Reprovadas ou banco de dados?

RH: - Olha, eu tenho uma notícia ruim pra vcs. Vocês não foram aprovadas. Não, não, não há um motivo específico pra cada, é uma questão de perfil da empresa [vocês definiram o perfil pela dinâmica do quebra-cabeça ou a forca?]. Obrigada por participarem e desçam (disfarçadamente) passando pela porta de vidro.

Menina sai. Se antes era toda olho, agora é toda um ponto. Onde será que falhei? Será que eu não modelei direito a massinha na hora de fazer o objeto? Será que eu falei pouco? Será minha roupa? Será que eu falei muito? Será que eu sou feia?

Ficou com vontade de entrar com um recurso. Um recurso humano, que envolvesse uma questão básica: vocês procuram um estagiário e me avaliam apenas com atividades onde 50% das pessoas fingem um personagem perfeito o tempo todo e as outras 50% estão quase desmaiando de tensão? Porque não conversam comigo pra me conhecer? Enfim...

Bjsnosvemosnaentrevista.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

“De quatro” por Deborah Colker

Companhia de dança traz apresentação para onde Judas perdeu as botas

No dia quatro de outubro, eu sei faz tempo, mas o que vale aqui é a experiência, fui assistir a Companhia de Dança Deborah Colker na minha cidade. Eu gosto de dizer assim NA MINHA CIDADE porque, infelizmente, muitas manifestações culturais tem preguiça de vir até aqui, que é tããããão longe. Engraçado é que, quando vem, elas descobrem que é bem mais pertinho do que pensavam...Mas não tem problema, a gente continua se manifestando aqui, pois sendo Caxias uma cidade grande reunindo muita gente, não poderia deixar de produzir, pensar e viver muita cultura também.
Mesmo assim, essa tal cultura com “c” maiúsculo quase não vem pra cá. Acho que é porque nós da Baixada não temos bom gosto e dificilmente entenderíamos manifestações tão complexas.
Não sei explicar muito bem o porquê, mas lotamos a tal Praça do Pacificador, onde seria o evento, muito antes, inclusive, do seu início. [esse “Pacificador” vem do homem montado no cavalo que deu nome a nossa Cidade e de pacifista não tinha nada. Gandhi se remexeria em seu túmulo, caso não tivesse sido cremado]
[Ah, eu vou usar esses colchetes sempre que emitir comentários fora do assunto principal, como agora]

É dada a largada

Primeiro assistimos “cantos”. E é incrível como a apresentação ao ar livre deixou as pessoas libertas para expressarem suas impressões. Foi uma chuva de “Oh”, “caraca, pai”, “que lindo”, “onde ela está presa?”, “como se faz isso?” e “claps, claps, claps”. Muitas palmas e em diversos momentos, politicamente corretos ou não, deram uma emoção maior ainda aos quatro atos, que eram lindíssimos.

Fim do primeiro ato

Foi dado um intervalo de 30 minutos para preparar o palco. Foi nessa hora que eu, inocente, achei que conseguiria andar até mais a frente e conseguir um espaço adequado, tipo área vip

[Mini flash-back]

Precisei desse mini flash-back pra desabafar o seguinte: entendo que a apresentação merecia ser vista ao ar livre, mas confesso que o local não foi em nada preparado para quem fosse assistir os bailarinos. O palco externo é muito alto e as partes do espetáculo feitas no chão só foram vistas pela equipe brasileira de basquete que marcou presença lá [?]. Além disso, não houve reserva de lugares para idosos ou crianças e quando as pequenas eram erguidas nos ombros dos pais já começava o “abaixa aê”, “sai da frente”. Além disso, me irritou bastante descobrir que, um dia antes, o mesmo espetáculo tinha sido realizado dentro do teatro, só que guardaram isso em segredo e não foi divulgado, ou foi divulgado pro grupo dos não-eu importantes.

[Fim do mini flash-back]

Qual não foi minha surpresa ao ver que, apesar do intervalo, as pessoas não saíam de seus lugares; e mais, começaram a ir andando pra frente. Estavam todos, como eu, buscando uma área mais vip.
E quando eu vou nesse “pra frente”, encontro o Sérgio. Gente, o Sérgio é um evento. Sabe aquele tipo de pessoa boa, boa, boa toda vida? Que dá tchau com o braço bem erguido mostrando o sovaco e abraça apertado? Esse é o Sérgio.
Juntos, comentamos que estava difícil de ver muito bem, mas que mesmo assim, estava muito lindo.
Quando a própria Deborah Colker, ao piano, interpretou uma sonata de Mozart para duas bailarinas, entitulada “Meninas”, foi a minha vez de sentir que fazia parte do espetáculo, pois apesar de o Ballet estar no palco precisei manter a pontinha dos pés o tempo todo, cheia de vontade de ver tudo.
Foi quando recebi o calço do meu namorado, que ofereceu seus pés de apoio aos meus e me deu seu rostinho para encostar. [Ahhhhhhhhh, cheiro de namorado...]

No final, foi visível a emoção dos bailarinos e da Deborah (posso chamá-la assim uma vez que veio para a minha cidade). Eles agradeceram com muita alegria uma seis vezes, sempre recebendo calorosos aplausos. Eu ainda quis tentar uma entrada no camarim, uma entrevista com eles para descobrir o que sentiram, para falarem da experiência, mas a noite já tinha valido a pena e o que eu queria mesmo era falar da MINHA emoção de assistir. E, demorou, mas falei!

domingo, 25 de outubro de 2009

É impossível não linkar:

Índios recrutam líderes para tentar vitória inédita nas urnas em 2010
Vannildo Mendes, BRASÍLIA
O Estado de São Paulo - Segunda-Feira, 05 de Outubro de 2009

Divididos em 220 etnias, falando 180 línguas, os índios brasileiros estão se organizando para aumentar a representação política nas eleições de 2010. Eles somam mais de 700 mil, dos quais 150 mil eleitores, e querem mais protagonismo nas decisões do País para defender as suas bandeiras sem depender unicamente da tutela da Fundação Nacional do Índio (Funai) ou das bênçãos de igrejas. A ideia é eleger ao menos cinco deputados federais no País e uma bancada forte nas Assembleias Legislativas de 19 Estados onde estão mais organizados.

As tribos e seus caciques estão recrutando em suas regiões os principais puxadores de votos, reconhecidos pela articulação e eloquência, que serão lançados para a Câmara. Já estão definidos os nomes de Almir Suruí, em Rondônia, Sandro Tuxa, na Bahia, e Júlio Macuxi, em Roraima. Este último teve atuação destacada na pressão pela demarcação da reserva Raposa Serra do Sol em área contínua, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) este ano.

Os três devem sair pelo PV, partido preferencial dos indígenas. Podem, no entanto, optar por outro partido que ofereça melhores possibilidades de vitória, o que será avaliado com lupa pelos conselhos indígenas e pelas assembleias que serão realizadas nas diversas aldeias, entre este mês e março.

"Vou aguardar a decisão coletiva, antes de definir a melhor legenda, com chances reais de eleição", disse Macuxi. Pragmático, o líder pediu a desfiliação do PT porque o partido já tem uma prioridade para a Câmara, a deputada Angela Portela, que disputará a reeleição em 2010.

Filiado ao PT do Distrito Federal, onde vive há oito anos como servidor da Funai, Álvaro Tukano, líder de uma etnia que habita as margens do alto Rio Negro, no Amazonas, deve buscar a confirmação do seu nome entre os candidatos da legenda. "Queremos eleger a maior bancada parlamentar de todos os tempos", declarou.

O quinto puxador de voto deve sair das hostes do PDT, partido da preferência dos xavantes desde os tempos em que o deputado e cacique Mário Juruna, já falecido, cumpriu mandato parlamentar (1983-1987) como primeiro e único indígena eleito para o Congresso. Ele foi cooptado na época pelo líder trabalhista Leonel Brizola, também falecido. Desde esse fato, o PDT tem por praxe oferecer vagas para índios na legenda.

VEREADORES

Na última eleição municipal, os índios já deram uma primeira mostra do seu potencial nas urnas, elegendo seis prefeitos e mais de 90 vereadores em várias partes do País. Em São Gabriel da Cachoeira (AM), o prefeito, o vice e todos os vereadores são índios. Localizada em região conhecida como Cabeça do Cachorro, a cidade tem 95% da população de origem indígena.

Em Roraima, foram eleitos prefeitos indígenas em Uiramutã e Normandia, ambos da etnia macuxi. São João das Missões (MG), Marcação (PB) e Barreirinha (AM) também têm prefeitos índios. "É muito positiva essa presença no processo político para legitimar a democracia brasileira", afirmou o presidente da Funai, Márcio Meira.

Em quatro Estados onde têm maior nível de organização, os índios já decidiram que vão lançar candidatos a deputado federal, além de nomes competitivos para a Assembleia Legislativa. São eles Roraima, Amazonas, Acre e Rondônia.

Em outros 18 Estados serão lançados candidatos a deputado estadual e, eventualmente, algum para federal. São eles: Pará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Amapá, Paraíba, Goiás, Minas, Tocantins, Rio, São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

SELEÇÃO

A escolha dos candidatos, de acordo com Macuxi, é feita democraticamente, em assembleias regionais. Em Roraima, haverá uma na segunda quinzena deste mês, para a apresentação dos candidatos e debate em torno das propostas. A segunda ocorrerá em março, para a confirmação dos escolhidos.

Para o líder, esse é um modo de escolha mais legítimo que as convenções partidárias. "São levadas em conta a liderança, a eloquência e a vida limpa do candidato", explicou. "Aqui ninguém cai de paraquedas, não se compra legenda, nem se é escolhido pelo dono do partido."

Após a peneira, os índios são pragmáticos na escolha do partido. O preferencial é o PV, principalmente após a adesão da senadora Marina Silva (AC), que disputará a Presidência. Dizem que a ex-ministra do Meio Ambiente dará visibilidade às questões ambientais e indígenas.

NÚMEROS

700 mil é a população atual de indígenas em todo o País

150 mil deles são eleitores

220 etnias existem hoje no Brasil, com um total de 180 línguas

5 prefeitos descendentes de índios foram eleitos em 2008

90 vereadores também indígenas foram aprovados nas urnas ano passado

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Sobre os medos que envolvem o começar













Escrever é estar no extremo

de si mesmo, e quem está

assim se exercendo nessa

nudez, a mais nua que há,

tem pudor de que outros vejam

o que deve haver de esgar,

de tiques, de gestos falhos,

de pouco espetacular

na torta visão de uma alma

no pleno estertor de criar.


João Cabral de Melo Neto


Ah, isso é um post! Aliás, o meu primeiro. E como é o primeiro depois de mais de um mês de blog criado, percebo o quanto é difícil sentar a bunda e escrever. São tantas idéias novas, há tanto o que ver no mundo e, por isso, comentar...

Só que escrever exige organização de ideias. E ser organizado dá uma preguiiiiça; e também, medo!

Mas confesso que, embora ainda tímida, eu CRIEI CORAGEM!!!

E esse exercício de abaixar e levar as nádegas ao acento será feito, agora, continuadamente.


Pra quem teve a mesma dúvida que eu ao ler o poema:

Significado de esgar

s.m. Careta; trejeito na face; contração da fisionomia.


Significados que não explicam nada sobre o que seja esgar

Momice, visagem


Rimas com esgar (?)

trufar suspeitar interessar possibilitar contentar rudimentar identificar tutelar aportar arrepiar peculiar julgar descansar roubar decepar


Anagramas de esgar (???)

Arges ergas sagre segar


Pra quem gostou do poema e acha que o autor mereça ser mais lido:


http://www.releituras.com/joaocabral_bio.asp